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VOCÊ TEM TRAUMAS?

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Trauma psicológico é um tipo de dano emocional que ocorre como resultado de um acontecimento qualquer, onde a pessoa não encontra recursos para lidar. A situação excede sua capacidade de processamento , e desequilibra o estado emocional. Ela não consegue reagir  frente à experiência de dor e sofrimento.

Podemos entender como traumática qualquer situação da vida, desde aquelas “experiências comuns e repetitivas da vida diária”, até grandes acidentes e catástrofes. A situação será ou não traumática, dependendo das condições psíquicas da pessoa que o vivencia e enfrenta. Será impossível esgotar a lista, mas para deixar mais claro, podemos citar alguns exemplos: experiências de rejeição, segredos e conflitos dolorosos de família, maltrato físico e emocional, situações escolares, separação e morte na família, abuso sexual, catástrofes e acidentes envolvendo morte e destruição. Não é preciso estar vivendo diretamente a situação. Ver ou participar, auxiliando os envolvidos, poderá ser suficiente para desenvolver uma vivência traumática.

O trauma pode ser um incidente único ou repetitivo, que faz a pessoa vivenciar ansiedade e medo. Por exemplo: uma criança que apresenta dificuldades na aprendizagem e não encontra auxílio adequado frente a esta, pode traumatizar-se.  Ao escutar todo o dia, “que é burra e incapaz”, construirá esta percepção de si mesmo. Isto poderá ser experimentado na vida escolar e ser transportado para sua vida em geral, apresentando diferentes matizes futuros. Poderá não confiar na sua condição de  trabalhar, não desenvolvendo as habilidades necessárias, porque acredita-se incapaz. Passará a vida desqualificando-se. Poderá achar-se pouco interessante, e apresentar marcados prejuízos nas relações afetivas, desde colegas até vínculos afetivamente mais significativos e importantes. A pessoa congela a experiência traumática e então repete e constrói  uma vida disfuncional.

O trauma provoca “um barulho interno intenso”, e pensamentos intrusivos insistem em se fazer presentes. Estes pensamentos, nem sempre são relativos ao trauma em si, mas derivados deste. Assim a pessoa poderá colocar-se em situações de risco e até mesmo aproximar-se de novas situações, na tentativa de resolução do trauma original.  É o inconsciente apresentando-se! A Compulsão à repetição, como sustenta Freud,  que afirma que, enquanto não há resolução, há repetição!

Na experiência traumática há uma reação física e emocional, marcada por alta intensidade. Assim a descarga de hormônios como o cortisol e adrenalina que afetam o controle de impulsos (e preparam o organismo para fugir ou partir para o confronto) e a memória, poderão  permanecer altas, mesmo após a remoção da experiência traumática. A recordação recorrente do fato estressor, faz com que o corpo,  volte a ter reações fisiológicas relacionadas a ele como fadiga, tensão muscular, sobressaltos, taquicardia, etc…As pessoas expostas a uma evento potencialmente traumático, podem ser resilientes e recuperarem-se ou desenvolverem outras doenças vinculadas a este,  como o transtorno de estresse agudo ou o transtorno de estresse pós traumático. Não há como saber  mas poderão desenvolver também, transtornos psiquiátricos como depressão, comportamentos obsessivos, fobias, transtorno do pânico, etc… Vale também citar, que outro fator de risco, é a idade em que se é exposto. Quanto mais cedo ocorre , piores serão as consequências para o indivíduo afetado,  pois inevitavelmente, menores serão os recursos de personalidade para enfrentar a situação e maiores serão as marcas na estruturação da mesma.

O tratamento envolve então, não somente colocar a pessoa em uma situação mais estável. Quando o assunto é trauma, esquecer é um fim impossível. Por este motivo, o processo de cura, passa pela reinterpretação das memórias ligadas ao evento traumático. A psicoterapia, constitui-se em um dos recursos. Será preciso auxiliar a pessoa a pensar a situação traumática, para que possa cicatrizar o evento e pouco a pouco, desligar a memória traumática. A pessoa será auxiliada, a dar um local psiquicamente adequado à vivência. Assim,  não mais necessitará transformar  a experiência traumática em comportamento,  e estará mais liberta para novas e melhores experiências.