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A Saúde Mental do Policial

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Por Fernanda Thones Mende, Psicóloga – CRP 07/1378

Vários estudos em diferentes países vêm destacando os benefícios da manutenção da saúde mental do policial, como forma de proteção e melhora do desempenho destes profissionais, os quais encontram-se expostos a intenso estresse. Tais cuidados garantem o bem estar não apenas do indivíduo, bem como da população como um todo.

Desde o ingresso do policial na instituição, seja civil quanto militar, o sujeito se depara com uma forte exigência para lidar com o perfil exigido a esse fazer. Desde a seleção, através de concurso público já se inicia essa adaptação ou mesmo a sua exclusão. A postura engajada na promoção do controle social e da ordem, repressiva muitas vezes,  passa a ser uma busca nos cursos de formação, além de uma capacidade de resiliência frente às adversidades a serem apresentadas ao jovem policial e conseqüentemente ao longo de sua carreira.

A forma como essa carreira irá se destacar positivamente ou mesmo negativamente se dará muito pelas características de personalidade desse profissional, que se observará mais ou menos identificado com a demanda, bem como a forma como este conseguirá se auto- regular e lidar com suas inúmeras vivências traumáticas ao longo dos anos. A busca pela carreira de policial, no entanto, é escolhida algumas vezes em função de “estabilidade” financeira por incluir-se no rol das profissões que envolvem o serviço público. Um equívoco, na maioria das vezes, principalmente quando o indivíduo mesmo tentando se “enquadrar no perfil” acaba se deparando no seu cotidiano, por uma vivência embora técnica, cheia de variáveis, horários e escalas de trabalho instáveis, além de vários imprevistos .

Nas instituições militares não podemos deixar de destacar a peculiriaridade de uma carreira caracterizada por obediência de base hierárquica, que confere uma vivência diferenciada até mesmo quanto às leis e normativas que irão nortear seu comportamento, comparado a população geral. Essas exigências específicas podem ser favoráveis no desenvolvimento do caráter desse indivíduo se ainda ingressar jovem, através da disciplina e posicionamento ativo preconizado por essas instituições, mas poderão ser um problema a uma personalidade mais opositora.

Doenças no trabalho às vezes são percebidas já em estágios avançados, uma vez que freqüentemente apresentam sinais e sintomas comuns a outras doenças, o que mascara a identificação precoce deste agravo, repercutindo tanto na saúde do trabalhador como gerando custos para a instituição e serviços de saúde.

Entre as classes de trabalhadores, os policiais possuem maior risco de morte e propensão ao desenvolvimento de estresse, devido à sobrecarga de trabalho e ao caráter das atividades que realizam e embora seu treinamento o ajude a lidar tecnicamente com suas atividades, estratégias de prevenção e principalmente a Psicoterapia podem diminuir o impacto da exposição a esses eventos traumáticos.

Segundo Lansing K, ao longo de suas carreiras, muitos policiais vivenciam eventos traumáticos que resultam em transtornos de estresse pós traumático (TEPT), ou suportam experiências traumáticas que se acumulam e se manifestam em TEPT de início tardio ao atingir algum limiar. A experiência clínica desses autores descobre que, sem uma recuperação completa esses policiais experimentam uma capacidade diminuída de gerenciar os estressores crônicos, bem como uma maior exposição aos perigos inerentes a sua atividade laboral.