O isolamento social da quarentena levantou muitas bandeiras. Uma pesquisada nas “linhas do tempo” das redes sociais e somos sugados numa avalanche de competições informais.
Primeiro, o #ficaemcasa trouxe consigo o maratonar séries. Um novo esporte de quem estava isolado em casa, com lojas e restaurantes fechados, sem alternativa de parques e academias, programas de TV eram os únicos divertimentos. Bastava abrir nossas redes sociais para saltar aos olhos listas e listas com dicas de séries e filmes. E post com enquetes de quais séries tu tinhas para a #maratona no final de semana. Maratonar era o esporte dos primeiros momentos dessa quarentena que se estende por muito mais do que 40 dias.
Logo, as lives povoaram nossas vidas. Live no instagram, live no facebook. Aplicativo para assistir live. Webinar, palestras, reuniões, seminários, cursos… Meet, facetime, zoom, hangout … Centenas de atividades para todos os gostos. A todos os momentos.
De repente parecia que dar dicas do que fazer com as crianças era obrigatório para pertencer ao mundo real/virtual. As supermães gravavam, cozinhando, criando mil atividades/dia… Se não tiver uma dica incrível, está falhando no educar na quarentena.
Ou, quem não tem filhos, precisava postar um vídeo malhando com o tradicional #tapago.
Hoje, parece que a grande jogada é ajudar o próximo. #solidariedade. E postar foto. Porque ajudar sem postar não conta?!?!
E assim passam se os dias. E talvez essa seja exatamente a questão: a invasão de # e mundos em nossa intimidade. Cada momento um novo turbilhão de novidades e comparações. Entramos em salas, quartos, cozinhas. Jantamos na casa dos outros sem a possibilidade de dizer não, pois rolando o feed já está ali, a porta do quarto do casal e a mesa posta do café.
O vazio do só estar em casa (ou estar em casa só) acompanhado por várias maratonas e metas de competição na vida real, agora virtualizada. A vida nas redes socias fazendo valer o dito da grama verde do vizinho.
Treino pago. Aula online. Janta pronta. Tudo virando @ , # , live…
Fica o questionamento… quem está TE ajudando ? Quem está te cuidando? De verdade? Tu tem olhado pra ti? Está olhando pra tua vida real? No fundo dos teus olhos?
E o quanto se tem escutado e lido pessoas sozinhas (mesmo com a família em casa) nesses dias de isolamento… Quanto choro engolido, chorado no banho. Ou chorado no @ …
Não há necessidade de dar conta disso tudo sozinho. Cuide se, em primeiro lugar.