Os transtornos Alimentares são patologias de origem multifatorial, ou seja, podem estar ligadas a aspectos emocionais, culturais e religiosos.
A Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa são transtornos relacionados por conterem uma mesma base psicopatológica, que se caracteriza pela grande preocupação com o peso e forma do corpo. O que as diferencia são os meios que cada paciente utiliza para atingir o corpo desejado.
A Anorexia inicia-se por um período de perda de peso, seja por uma doença física e/ou dieta (Cordás, 1993). A partir deste momento surge uma verdadeira obsessão relacionada ao corpo e a perda de peso. A busca pela magreza se torna motivação central para estas meninas. É muito comum estar associada a um transtorno da imagem corporal, onde estas pacientes se vêm com o corpo maior do que realmente são.
As anoréxicas são meninas ou mulheres dinâmicas; estudiosas; que fazem atividades físicas incessantes; mantém rituais infindáveis relacionados à comida; e não reconhecem seu real estado de saúde, o que as levam a um afastamento dos amigos e familiares (Cordás, 1993).
A Bulimia inicia-se por uma necessidade de perder peso ou por uma extrema insatisfação com o corpo. São meninas e mulheres que centram a avaliação que fazem de si através da aparência física; de uma baixa autoestima; insatisfação com a forma corporal. A autoestima depende da eficiência dos métodos para alcançar o corpo desejado. Como se os valores pessoais fossem secundários, só se sentem aceitas se estiverem dentro dos padrões sociais de forma corporal. Com isso, isolam-se, evitam reuniões ou viagens (Azevedo e Abuchaim, 2002).
O Episódio bulímico é caracterizado por uma ingestão alimentar descontrolada (sem prestar atenção na textura ou gosto dos alimentos, geralmente de forma secreta e rápida). Cessadas por: mal-estar físico; interrupção ou esgotarem-se os alimentos. Estes episódios buscam atender estados emocionais ou situações estressantes. Seguida por sentimento de culpa, vergonha e medo de engordar. Podem ser do tipo purgativo e sem purgação – exercícios físicos exagerados, laxantes, diuréticos entre outros meios que busquem o emagrecimento (Azevedo e Abuchaim, 2002).
A compulsão Alimentar Periódica é a área limite entre os transtornos alimentares e a obesidade. Geradora de muita angústia. Os obesos com compulsão alimentar geralmente apresentam uma obesidade precoce (preocupação com o peso desde a infância); práticas intermináveis de dietas e flutuação do peso.
A gordura tem uma função defensiva contra: a sexualidade, abusos, separação e até mesmo aquisições. É uma forma de lidar com a solidão, frustração, raiva e perdas não elaboradas. O comedor compulsivo tem mais tendência à depressão e frequentemente apresenta história de outros transtornos psíquicos (Coutinho e Póvoa, 2002).
A obesidade é multifatorial, não é considerada um transtorno mental, e pode estar associada ao transtorno do comer compulsivo. Traz um significativo prejuízo no funcionamento social e ocupacional. Excessiva preocupação com a forma corporal. Intenso sofrimento psíquico e dificuldade de adaptação à dieta.
Como as toxicomanias, a obesidade é evidentemente marcada pela insistente evitação do mal-estar associado, neste caso, à sensação de fome ou mesmo de vazio no estômago. Nos casos mais graves a presença da compulsão alimentar faz com que essa sensação seja abolida rapidamente sem que haja por parte do compulsivo qualquer preocupação com o gosto do alimento ou mesmo com o prazer obtido através da alimentação. O que importa é sentir-se cheio. A comida seria repetidamente utilizada como um recurso de contenção do sofrimento, sendo revestida imaginariamente como o objeto capaz de aplacar a angústia suscitada pelo vazio corporificado (Seixas).
Em qualquer um dos casos, seja nos transtornos alimentares ou na obesidade, o sofrimento emocional que acomete os pacientes é grande e de difícil resolução quando se está sozinho. É importante o acompanhamento psicológico, nutricional e psiquiátrico para poder entender o que causa a doença e a comer de forma saudável e prazerosa.