Artigos

TRANSTORNO BIPOLAR TEM CURA?

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no telegram
Compartilhar no print

O Transtorno Bipolar refere-se de uma alteração de humor que se manifesta com fases maníacas ou eufóricas (comportamento excitado, exagerado e desorganizado), fases depressivas (apatia, tristeza) e fases mistas (agitação, irritabilidade e ansiedade). Essa desregulação pode se dar tanto para baixo (forma depressiva) quanto para cima (forma maníaca), sendo que há também estados em que o humor está particularmente agitado e turbulento (forma mista).

Ocorre uma desproporção entre as circunstâncias e as reações, ou seja, o sujeito deixa de responder adequadamente ao que seria esperado, reagindo o humor de modo incompatível ou exagerado à situação. A autocrítica fica comprometida e o pensamento acelerado, desorganizando-se de tal modo, que fica difícil acompanhar sua linha de raciocínio e sua capacidade de argumentação fica bastante prejudicada.

Como o humor define nossa percepção de risco e de oportunidades, quando está exageradamente elevado (eufórico) sem razões para tanto, é comum se expor ou se envolver em situações de maior risco, sem uma crítica adequada. Por outro lado, os estados depressivos tendem ao retraimento e inibição apesar das condições reais não estarem tão desfavoráveis. Há também alterações de humor mais brandas, com um desequilíbrio emocional que se traduz em oscilação e sensibilidade emocional, afetando a previsibilidade do humor e nestes casos, após certo período, a pessoa pode retomar o equilíbrio sem grandes prejuízos comportamentais nem mesmo na integração das emoções e dos pensamentos.

Se antes a bipolaridade era reconhecida somente nas suas versões mais evidentes e pronunciadas (antigamente conhecida como psicose maníaco-depressiva ou PMD), cada vez mais observa-se que uma parcela significativa da população sofre de oscilações de humor maiores do que o normal (cerca de 10% da população), com diferentes graus de prejuízo. No entanto, em vez de serem reconhecidas e tratadas por apresentar formas atenuadas do transtorno bipolar, estas pessoas comumente recebem equivocadamente diagnósticos de depressão, ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade, abuso de drogas ou de transtornos de personalidade. É provável que a bipolaridade seja o transtorno psiquiátrico de maior impacto social e econômico na atualidade, até mesmo mais do que a depressão unipolar.

A existência de um caso de transtorno bipolar numa família aumenta a possibilidade de que a enfermidade se manifeste em outros membros da mesma família. No entanto, certamente depende da interação de tais fatores com o ambiente. Não se pode deixar de considerar também que, além da predisposição e vulnerabilidade geneticamente determinadas, certas situações contribuem para a eclosão ou precipitação da doença.

Os casos de transtorno bipolar ficavam mais evidentes na adolescência quando, em geral, é feito o diagnóstico. No entanto, se enfocarmos a história desses adolescentes e ouvirmos seus pais, encontraremos evidências muito precoces de alteração de humor, irritabilidade, distúrbio do sono e hiperatividade. Hoje, está em voga atribuir tais sintomas apenas aos distúrbios de atenção e à hiperatividade (TDAH) e existem programas inteiros dedicados ao reconhecimento e tratamento dessas manifestações, retardando a instalação de um tratamento adequado. Em muitas crianças, porém, eles podem estar relacionados com o transtorno bipolar, particularmente se a frequência dessa patologia é significativa na família.

A partir do momento, porém, em que se inicia um tratamento eficaz e adequado, o quadro torna-se mais brando a tal ponto que é possível conviver com pessoas portadoras de transtorno bipolar de humor sem identificar o problema. A doença não tem cura, mas as pessoas melhoram e são capazes de reassumir suas atividades. Isso se consegue através do tratamento com várias classes de medicação, incluindo estabilizadores do humor, anticonvulsivantes, antipsicóticos ou antidepressivos, associado à psicoterapia. Esta, por sua vez, visa o aumento de adesão ao tratamento, redução dos sintomas residuais, prevenção das recaídas e melhora na qualidade de via dos pacientes e seus familiares, proporcionando um aumento do funcionamento social e ocupacional destes pacientes e as capacidades de manejarem adequadamente as situações estressantes em suas vidas.