Artigos

TRAGÉDIA SEM FIM: QUANDO A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E PSICOTERAPIA FAZEM A DIFERENÇA.

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no telegram
Compartilhar no print

Recentemente fomos notificados da grande tragédia com a queda da aeronave da empresa  Germanwings, nos Alpes franceses com 150  pessoas. Inevitavelmente o mundo inteiro  comovido, questionou-se sobre a manutenção da saúde psíquica daqueles que apresentam tantos poderes e ao mesmo tempo tantas limitações.

Segundo notícias recentes, a ex-namorada do copiloto que causou o desastre na última terça (24), teria afirmado que o mesmo planejava um “grande ato” (sic), fazendo menção a seu nome ser reconhecido mundialmente, já que por limitações de saúde psíquica e ou oftalmológica, não mais teria chances de ter sua identidade associado ao cargo de Capitão da empresa Luftansa, como era de seu desejo. Além desta, outras especulações se tornaram alvo dos olhares do mundo todo, apesar de não ser possível conceber tamanha destruição.

Será que estamos preparados para realmente lidar com nossa agressividade, impulsividade, instabilidade emocional, nossas frustrações? Independente do nome que damos a ela, ou mesmo ao diagnóstico formal, inevitavelmente vivemos num mundo preocupado com o lucro, com os rendimentos de poder e pouco se investe em questões tão básicas como a manutenção do nosso funcionamento psíquico, processo que deverá se desenvolver ao longo das fases do nosso desenvolvimento.

É natural, como já nos colocava Freud, sermos invadidos por impulsos agressivos inconscientes desde nossa tenra infância, mas espera-se que esses impulsos sejam capazes de evoluir em condições adequadas ao longo do desenvolvimento de uma criança. Tendemos a usar essa energia agressiva para tudo, muitas vezes de forma desadaptada, mas principalmente como força motivacional do nosso comportamento, quando adequadamente trabalhada. Por exemplo, encontramos essa agressividade nas mordidas de uma criança frustrada, na força motriz para a curiosidade infantil exploradora, assim como nos desejos que nortearão nossos objetivos ao longo da vida.  Todo esse processo, no entanto, deve ocorrer de forma a equilibrar a vivacidade da criança com a necessidade de introduzir a noção de respeito por normas e regras sociais.

Essas condições adequadas ao desenvolvimento psíquico saudável, construirão o desejo daquele novo ser, que se faz das relações afetivas com a mãe, no seu aspecto nutriz primordial, bem como nas relações com o pai, o qual oferecerá a intervenção, na relação de trocas e de empatia fraterna.

Quando o funcionamento “adulto” não passou pela devida evolução, predomina-se ainda  as pulsões e desejos que exigem satisfação imediata. Diante da frustração por não se conquistar  um cargo que é almejado de modo onipotente, ter o “nome” notificado mundialmente, poderá se configurar numa descarga imediata. O esperado, no entanto, é que a criança aos poucos possa em seu psiquismo conter, modular e adiar a realização do desejo, gradualmente substituindo pela fantasia e ajustando a realidade  quando possível.

O equilíbrio para que novas tragédias não venham a nos surpreender, serão possíveis através da posição técnica da avaliação psicológica periódica e Psicoterapia, com ferramentas capazes de detecção previa de qualquer disfunção, bem como da manutenção e promoção de saúde mental de cada um.