Que amor que faz enlouquecer? Como saber a medida certa para amar alguém, e ambos não enlouquecerem? Como o amor pode levar à loucura? Grande polêmica falar de amor e sua medida. Essas e tantas outras perguntas, sobre esse sentimento tão único, vêm sendo apresentada pelas artes como forma de transbordar e elaborar. Muitas vezes, se faz necessário o auxilio de um psicoterapeuta para auxiliar a compreender as facetas do amor que experimentamos.
Na música Ritmo Perfeito, cantada por Anita, é possível relacionar o amor inicial, vivido com a mãe, para o amor relacionado com outras pessoas, segue um trecho:
“Sei lá, o que será que você tem
Só sei que isso me faz tão bem
Não canso de te admirar, reparar, sem parar
Sei lá, será que é só um sonho bom
Quem sabe você tem o dom
O que há de bom em me amplificar
O Jeito que você me olha
No nosso ritmo perfeito
E quando você vai embora
Mas volta pra me dar um beijo
Teu jeito simples de dizer
Que sou especial
Só pra me convencer
Que tudo é natural, Wow!”
O amor é um sentimento primitivo, encontrado no olhar de encantamento de uma mãe pelo seu bebê. Acolhido por este olhar, o bebê começa a se constituir como um ser. Com o tempo, o bebê torna-se capaz de afirmar sua própria individualidade e até mesmo de experimentar um sentimento de identidade pessoal (WINNICOTT). Sem dúvida, essa primeira relação com a mãe será a base e estrutura para seu desenvolvimento e suas relações futuras. Assim como a segurança e confiança básica, que vai se estabelecendo num constante vai e vem como demonstrado na música de Anita, no trecho: “E quando você vai embora, Mas volta pra me dar um beijo”.
O ritmo perfeito é aquele em que a mãe será suficientemente boa. Winnicott teoriza que a mãe que ama, que atende às necessidades do seu bebê, também necessita falhar, frustrar e isso acontece naturalmente. Na canção citada poderíamos comparar com a medida certa do prazer. Esta dosagem de amor e frustrações vai auxiliando o ego primitivo do bebê a ir amadurecendo para lidar com situações futuras, e assim “amplificá-lo”.
Contudo, o amor desmedido, sem ritmo acaba por enlouquecer. Torna-se invasivo, sem respeitar o espaço do outro, assim como, o amor que se diz libertador, mas que beira a negligência. Na relação analítica é possível reviver essas primeiras impressões do mundo, e ajudar a se relacionar de forma mais saudável.