Setembro amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A ideia é justamente promover eventos para discutir, falar sobre suicídio, ao invés de tratar como um “tabu”, evitando, negando uma situação que no Brasil é considerado um assunto de saúde pública: conforme dados oficiais, 32 brasileiros se matam por dia em média, ficando nosso país em 8º lugar entre os países no mundo segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). E o Rio Grande do Sul tem a maior taxa no país com 10,2 suicídios por 100000 habitantes.
A OMS afirma que o suicídio tem prevenção em 90% dos casos!
Em 2006 foram criadas no Brasil as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio onde alerta para o aumento do comportamento suicida no país e destaca este aumento no grupo de jovens entre 15 e 25 anos em todas as camadas sociais.
A escola tem um papel importante como agente de identificação dos jovens que apresentam traços de ideação suicida tais como: história de tentativas anteriores, depressão, abuso de álcool e outras substâncias, situação de luto, dificuldade de integração e socialização, bullying, violência familiar, dificuldades em relação a identidade e orientação sexual, situações de assédio moral,…
A escola pode ter programas de prevenção como espaços para discutir o assunto, dando oportunidade para que os alunos falem e pensem sobre o tema e também deve intervir frente a identificação de vulnerabilidade para o suicídio fazendo contato com a família, encaminhando para a rede de saúde.
Falamos da importância da escola em estar atenta aos sinais de ideação suicida em seus alunos mas não podemos deixar de falar sobre a importância da família em observar nos seus filhos estes mesmos sinais. Também mudanças no comportamento como isolamento, irritação, agressividade, passividade, desleixo com o corpo, sono em excesso devem ter atenção.
O adolescente questiona tudo em sua volta como mecanismo de transgressão e testagem para a construção de sua própria identidade ideal. Além de estar se definindo enquanto indivíduo, ele está cercado por pressões externas que o abalam e o agitam. Ter que entrar em contato com questionamentos inquietantes, tais como sua identidade pessoal, profissional e sexual, obriga o adolescente a lançar mão de estratégias para se defender de sentimentos tão intensos e perturbadores. A arrogância, a prepotência, o comportamento desafiador, questionador e a onipotência, são características de posturas assumidas, inconscientemente, para que o olhar do outro seja desviado de um verdadeiro adolescente indeciso, inseguro, temeroso e assustado. Vive um dilema entre desbravar o novo e desconhecido para se tornar adulto ou se acomodar no modelo infantil e seguro do qual tenta se distanciar.
Contradições e dilemas que aparecem nos comportamentos autodestrutivos do adolescente (anorexia, corte dos pulsos, envolvimento compulsivo em atividades perigosas, uso de drogas) estão associados a sua inconstância emocional e social. Mas a tentativa de suicídio é causada por mais que um dilema, o adolescente “sente-se sem saída”, não pode voltar para a infância e não consegue seguir para a adultez.
O pensamento suicida vem pela convicção de não ser amado e de ser um alívio para os outros se ele morrer pois não existe nada de bom dentro dele. Devemos estar atentos, por exemplo, ao adolescente quando ele não faz mais nenhum esforço para estabelecer relações, permanecendo dependente dos pais e incapaz de impedir que seu corpo continue a crescer ou quando ele provoca a rejeição ao mesmo tempo que teme o abandono.
Importante que escola e familiares estejam atentos aos sinais de perigo, que busquem ajuda especializada pois, “negar” as evidências não faz desaparecer o problema. O adolescente que está em sofrimento e risco dificilmente vai pedir ajuda, as pessoas a sua volta é que precisam fazer isso.