Em nosso trabalho diário como psicoterapeutas, constatamos uma tendência muito comum, talvez até óbvia: os pacientes buscam psicoterapia porque querem mudar algo. Seja em si, seja nos outros, no mundo.
Muitos chegam até nós com a justificativa de querer se conhecer melhor. Numa psicoterapia bem sucedida, certamente é de se esperar algum grau de autoconhecimento, mas penso que faz mais sentido pensá-lo como consequência do processo do que como causa deste.
Consequência de o sujeito poder ter estabelecido um vínculo importante de confiança, e que, nesta relação única, suas questões próprias possam emergir e serem trabalhadas. Esta experiência emocional que se dá entre a dupla psicoterapeuta-paciente, neste espaço seguro, no tempo próprio do paciente, é intensa e muitas vezes desacomodadora. Como o que se passa entre terapeuta e paciente não é linear nem previsível, não há como saber o que vem a seguir.
Talvez um dos maiores desafios do psicoterapeuta seja o de sustentar a expectativa de que este processo pode trazer um imenso potencial de novas possibilidades. Sustentar essa esperança no que está por vir – esperança no potencial de cada sujeito. Já dizia o poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar”.