As relações entre casais, assim como as demais relações humanas são vivenciadas com momentos de satisfação e de conflito, pois isto é inerente à condição humana. Observa-se que na busca por solucionar os conflitos de casais é que se favorece o crescimento. Ao mesmo tempo em que se deseja felicidade e conforto de forma consciente, ao se escolher um parceiro não é possível desvincular a tentativa de busca de solução, pois ao se escolher o parceiro existe a intenção de oportunizar expressões de conflitos internos. A busca por estas soluções é o que possibilita o crescimento e desenvolvimento do casal. (Pincus e Dare, 1987)
Sempre que se constata conflitos de difíceis soluções se tende a acreditar que a relação chegou ao fim, mas nem sempre isto é verdadeiro. O casal passa por diversas fases e a cada uma delas se impõem novos desafios de convivência. O aprendizado constante de reduzir as expectativas e abrir espaço para se acolher o outro como é, nunca foi tão desafiante. Necessitamos desenvolvermos muito a inteligência emocional individual e assim será possível uma maior compreensão entre os membros do casal. Segue-se a isto outra grande constatação fundamental que é a total capacidade de compreender que vão existir frustrações de ambos os lados e é saudável isso como é possível o desenvolvimento de tolerâncias. Muitas vezes o que está em questão se refere as ligações de cada um com as gerações anteriores de seu sistema de origem, se torna necessário compreender o conceito de transgeracionalidade, que conforme Galina (2007) é a análise que se faz da transmissão da cultura familiar, de uma geração a outra, e envolve os padrões, estilos, costumes, segredos, mitos e dificuldades particulares de cada família. O autor sugere que possamos refletir sobre o papel ativo de um membro do casal que pode estar entregue a realizar uma manutenção de um assunto de sua família de origem por respeito a lealdade a ela e é isto que poderá estar no fundo do conflito expresso na relação de casal. Cada membro do casal constitui-se com uma bagagem específica e esta se diferencia entre o que é correto ou não para cada um de forma diferente. Estas percepções de certo e errado que podem estar gerando determinados conflitos.
Quanto mais nós resistirmos ao conflito que está acontecendo, mais nos manteremos na mesma situação. O que se deve fazer é reconhecê-lo e aceitá-lo, enxergando e identificando como poderemos aprender e crescer através dele, só assim a melhora se torna possível. Ao se submeter ao conflito como se apresenta, demonstramos uma atitude de respeito com tudo que ocorreu antes de nós e se agradece a todos aqueles que sobreviveram ao sofrimento para transmitir a vida a quem veio depois. Realizando esta tarefa de aceitar como é abre-se um mundo novo e a paz se torna possível.
Muitas vezes, para ser possível este processo de reconhecimento e acolhimento de destes aprendizados, se faz necessário a busca por ajuda profissional. Mais do que nunca isso é importante que seja percebido como um passo na direção de mais amor. Este processo de acompanhamento geralmente é de curto ou médio prazo. Que tenhamos coragem cada dia mais para nos conhecermos e oportunizarmos mais amor nas relações.
Bibliografia:
GALINA, R. L. A dança trigeracional: uma leitura facilitadora. S.P. Vetor Ed. 2007.
HELLINGER, Bert ; WEBER, Gunthard e BEAUMONT, Hunter. A simetria oculta do amor. Ed. Cultrix, 12º Ed. S.P. 2008.
PINCUS, L. e DARE, C. Psicodinâmica da família. PoA. Ed. Artemed, 1987.