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Casamentos e momentos de crise

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De quantos abismos se faz a palavra distância? Vivemos tempos estranhos… Talvez estranhos familiares, o isolamento social nos trouxe para dentro de casa e obrigou a convivência intensa com aqueles que nos deviam ser íntimos.
E estranhamente, essa intimidade tornou-se desconfortável. Muitos casais perceberam que a convivência lhes era desconfortável. Que estar juntos mais do que algumas poucas horas na semana não era possível sem gerar estranhamento ou discussões.
E, juntamente com a forçosa intensa convivência familiar aumentaram os números de divórcios. Apenas a título de curiosidade, no mês de maio, a plataforma de pesquisa google registrou 9.900% de aumento nas buscas pelo termo “divórcio online gratuito”, e 82% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior pela pergunta “como entrar com pedido de divórcio”. Essa ilustração nos faz pensar sobre a possibilidade de que a intensidade de convivência causou um afastamento nos casais. Mas por quê?
Um dos motivos que pode ter desencadeado toda essa situação é o de que os casais realmente não estão acostumados com a convivência. As relações estão superficiais. Não se compartilham problemas, e, muito menos, soluções. Encontram-se ao fim do dia, jantam e dormem, partilham um programa na televisão e uma viagem no final de semana. E ponto. Não há troca. Não há interesse na troca.
Com a exigência do isolamento social, as redes de apoio ruíram e ambos se viram expostos e absortos por essas atividades. Situações que podiam ser deixadas de lado, ignoradas ou esquecidas passaram a pulsar como queimaduras na pele. Tudo aflorou de forma mais intensa pois a mulher, que normalmente faz a gestão da agenda doméstica e dos filhos, não pode mais simplesmente ignorar a presença ausente do marido. Ele está ali. Na sala, em videoconferência, ocupando a mesa das refeições, ocupando o escritório onde antes ela podia trabalhar, estudar. Os filhos estão ali. Os problemas 24horas presentes, pulsando, intensos.
E para as famílias onde esses assuntos não eram conversados isso pode ser fonte de tensão e discussão. Ou a falta de assunto, o vazio que a convivência evidencia. A falta de conexão.
Talvez, estar em casa tenha alertado a muitos casais a necessidade de olhar para o outro, de buscar os motivos que os uniram. De retomar planos, rever projetos. Refazer sonhos. A pandemia vai acabar. As crianças estão retomando os estudos, alguns já não estão mais em home office. Mas o casamento pode ser reavaliado e sair dessa pandemia renovado.