Falar sobre suicídio, na nossa sociedade ocidental, segue sendo muito velado e este assunto gera um grande tabu. Para as famílias é muito difícil se deparar com um adolescente com tendência suicida, normalmente é mais fácil negar ou banalizar o fato.
A adolescência é uma fase repleta de mudanças, transformações subjetivas, corporais, um momento de profundas crises, onde a impulsividade, hipersensibilidade, as condutas de risco e autodestruição estão muito presentes. Muitas são as perdas desta fase, principalmente pelo corpo infantil, onde as alterações são rápidas gerando lutos importantes. A busca pela identidade, o luto pelos pais da infância são outros aspectos importantes no desenvolvimento emocional dos adolescentes.
O suicídio ou parasuicidio é definido como qualquer ação que varia quanto ao grau de consciência, pela qual o individuo provoca um dano físico a si mesmo. Cerca de três mil pessoas cometem suicídio em todo o mundo e, para cada uma delas, outras vinte tentam sem sucesso (OMS-2008). O suicídio é a segunda ou terceira causa de morte mais comum entre adolescentes e jovens adultos, sendo a faixa de 15 a 18 anos mais crítica para comportamentos de risco.
Os meios mais utilizados pelos jovens são enforcamento, estrangulamento, seguidos dos usos de armas e explosivos. Por ser um processo de muita turbulência emocional que demanda um grande trabalho de reorganização psíquica, as famílias devem ficar muito atentas a todos os sinais. Muitos comportamentos, mesmo não sendo abertamente suicidas, podem ser considerados de risco: como dirigir sem cinto, em alta velocidade, envolvimento em brigas, consumir substancias ilícitas, não usar preservativo, dentre outros.
Com a experiência clinica observamos alguns fatores que contribuem para o risco de suicídio:
- Relações conflituosas na família;
- Aspectos escolares como o baixo rendimento escolar;
- Aspectos sociais, isolamento, não se sentir pertencendo a algum grupo;
- Comportamentos destrutivos;
- Sintomas psiquiátricos: ansiedade, depressão, impulsividade, agressividade.
Os responsáveis devem cuidar os sinais de indícios suicidas e todo o tipo de comunicação dos adolescentes, principalmente via corpo, pois podem configurar um pedido de ajuda.
O tratamento combinado de medicação com psicoterapia é fundamental nestes casos. A tarefa terapêutica é auxiliar o paciente a compreender o ato e as angustias que estão por traz do fascínio pela morte, ser continente com as fantasias e todos os aspectos desta fase da vida. A família desempenha um papel fundamental para a melhora deste quadro.