Que 2020 foi o ano do caos não há dúvida. Foi o ano que passou rápido demais, mas não rápido o suficiente e que nos forçou a entrar em contato com as emoções mais difíceis de lidar. O luto, medo, ansiedade, tristeza, frustração e a falta de controle estavam sempre por perto, em casa, nas ruas, no trabalho, na televisão, no rádio e fomos lembrados de que não temos controle sobre o futuro.
Mas aí chegou 2021 com a possibilidade de novos começos, de mudanças, de uma luz no fim do túnel. Começamos o ano com o vírus ainda circulando e se espalhando, mas com a esperança da vacina, da prevenção, da cura. E começamos a ousar planejar de novo, porque estamos todos precisando de um pouco de ânimo e motivação. Talvez um pouco mais que um pouco. Talvez mais do que ânimo e motivação. Precisamos de expectativas positivas, mas mais do que tudo de acolhimento. Acolhimento do que sentimos, do que passamos, dos nossos processos, da montanha russa emocional que foi 2020 e da possibilidade de recomeços que 2021 traz. Precisamos de conexão, de empatia, de autocuidado, compreensão. Precisamos urgentemente de um ano com mais autocompaixão e compaixão com o próximo. Um ano que não precise nos atropelar com ameaça à vida para nos fazer refletir sobre o que é importante para nós, mas costumávamos deixar de lado no meio da rotina.
Apesar de todo o sofrimento causado pela pandemia e que carregaremos o peso desse ano conosco por algum tempo, que possamos, aos poucos, ressignificá-lo e transformá-lo em motivação para mudanças, para irmos em busca dos nossos valores, dos nossos objetivos, da pessoa que gostaríamos de ser, mas que se perdia no “piloto automático” do dia a dia.
Que não precisemos de lembrete nenhum para sermos gentis com nós mesmos e com os outros. Que não precisemos passar dificuldade para ter empatia com as dificuldades dos outros. Que entre as metas ou planejamento desse ano possa estar o autocuidado, o movimento em busca do que é importante para cada um. Que não seja preciso passar por mudanças drásticas para se reinventar, para ter coragem de mudar, para valorizar pessoas e momentos. Que a falta de controle sobre o futuro seja um aliado para que haja um planejamento para onde se quer chegar, mas que a possibilidade de não sair como o esperado não seja impeditivo para o processo. E que não falte ação, pois mudança nenhuma acontece sem ação.
Que possamos concentrar nosso foco no momento presente, vivenciando os momentos e emoções, e no que podemos fazer hoje que nos aproxima de onde queremos chegar. Que possamos exercitar deixar o passado onde ele pertence e nos concentrarmos menos nas possíveis catástrofes futuras, pois enquanto perdemos tempo com o incontrolável, nossa vida no agora está acontecendo e é no agora que está nosso poder de escolha.
Um dia de cada vez é como nos concentramos mais no presente. Um passo de cada vez é como iniciamos o processo. Por um 2021 mais valioso para todos nós.