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Conectando-se com os adolescentes

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Por Ingrid Schonhofen Petracco, Psicóloga – CRP 07/11717

A adolescência se caracteriza por ser o período de transição da infância para a fase adulta. Envolve mudanças físicas, emocionais, cognitivas e sociais, uma fase de desafio permanentes, não só para os jovens, mas também para seus pais, familiares, professores e amigos.As transformações físicas, são gigantescas, sobretudo na estatura e no desenvolvimento do aparelho reprodutor, bem como na aquisição das características sexuais secundarias (pelos pubianos, aumento das mamas, aumento do pênis

Deve-se compreender a “crise normal da adolescência” como um momento em que se vivencia lutos (perda do corpo infantil, perda dos pais idealizados na infância) e conflitos, sendo fundamental o apoio e auxílio para lidar com todas as necessárias transformações.

Estudos com neuroimagens revelaram que o cérebro adolescente ainda esta em desenvolvimento. Mudanças drásticas nas estruturas encefálicas que afetam as emoções, o discernimento, a organização do comportamento e o autocontrole ocorrem entre a puberdade e a vida adulta, o que, de uma certa forma, justifica algumas das dificuldades dos adolescentes com impulsividade, responsabilidade com horários e compromissos. A necessidade do sono, o adolescente requer tanto ou mais de horas de sono de uma criança, privação de sono reduz a motivação e concentração para os estudos, por isso se faz tão importante cuidar o tempo em frente a Tvs e celulares antes de dormir, porque eles tiram o sono que vai faltar no inicio da manha.

As diferenças entre crianças e adolescentes não se resumem a aparência, eles também pensam e falam de forma diferente. Para Piaget, é na adolescência que o jovem se torna apto ao raciocínio hipotético dedutivo, de modo a poder estabelecer relações abstratas entre conceitos, fazer avaliações mais complexas e projeções para o futuro, ajudando na sua elaboração de identidade. A busca de identidade, uma das principais tarefas da adolescência, onde pode-se dizer, que a identidade se forma quando o jovem resolve 3 questões fundamentais: a escolha de uma profissão ou ocupação, a adoção dos valores pelos quais se guiar na vida e o desenvolvimento de uma identidade sexual que o satisfaça. Questionar crenças morais dos pais fazem parte, eles tentam por vezes com dificuldade conciliar suas opiniões com as dos pais. Eles tendem a se comparar com os pares (iguais, outros adolescentes) a compreender que seus comportamentos estão sob avaliação e a se preocupar mais com as implicações sociais de tais julgamentos.

Este afastamento dos país é fundamental para testar sua independência e autonomia, um ensaio para vida adulta.

Dificuldades:

Um aspecto essencial do desenvolvimento da adolescência é a interação com os pares, na medida em que representa uma aquisição fundamental na constituição da identidade e das escolhas pessoais. A necessidade de encontrar um espaço dentro de um grupo social pode influenciar os adolescentes na escolha de comportamentos que variam em termos de funcionalidade e adaptação. Eles tendem a se engajar em comportamentos que elevem seu status dentro do grupo, e alguns deles podem ser considerados de risco, tais como, uso de drogas, infrações, comportamento desafiadores….

Desafios da Tecnologia e mundo virtual. Pergunta-se como vai se dar esta formação de identidade neste mundo virtual?? Nesse sentido, além de superar as dificuldades geradas pelo tensionamento da comunicação entre país e filhos na adolescência, os país precisam se aproximar do mundo digital e se adaptar a ele, porque é praticamente impossível um jovem não ter interação em redes sociais nos tempos de hoje. Onde muitas vezes as amizades virtuais substituem as reais. Supervisão e atenção dos responsáveis são fundamentais para proteção contra cyberbuling, pessoas mal-intencionadas….

Hoje, é possível viver em dois espaços – o real e o virtual – ao mesmo tempo. Mas, que mundo virtual é esse e quem transita por ele? Quando estou no mundo real, estou realmente olhando para o aqui e agora ou estou de olho no virtual? É importante refletir até que ponto adultos e adolescentes têm consciência da distância entre essas duas dimensões e conseguem passar pelo virtual sem perder a conexão com o real.

Qual limite saudável para ocupação desses itens na vida de cada adolescente? Qual o limite saudável para a utilização das ferramentas virtuais por cada jovem? A resposta deve levar em consideração o momento de vida de cada um desses jovens, suas necessidades, vontades, seus limites, seus direitos e seus deveres. Não há receita certa para nós seres humanos como há receita para bolo. E a sutileza é exatamente essa: entender que aquilo  que serve para um “ser” pode não servir para outro, mesmo que os dois tenham a mesma idade.

Por vezes quando o jovem não encontra apoio em casa, sente-se sozinho, carente, que não tem ninguém olhando por ele. Pode ocasionar um adoecimento do contato deste e, consequentemente, o mundo virtual pode deixar de ser uma ferramenta utilizada para se tornar uma muleta. (A ferramenta é utilizada quando necessária e deixada de lado quando outras necessidades vêm à tona. A muleta mostra que há uma deficiência, uma dependência, serve como uma fuga da realidade.) Assim, o jovem passa a não mais transitar pelo virtual e pelo real com a flexibilidade e facilidade naturais desse momento de vida.Ele passa a ficar mais dependente do virtual, tornando suas relações cada vez mais escassas. O gatilho para esse comportamento pode ser  o fato de que o virtual pode ser controlado, enquanto o real está dolorosamente incontrolável. É uma tentativa de amenizar uma dor emocional, mas de uma forma disfuncional para o adolescente. Não é um comportamento saudável já que restringe a vida do jovem à uma única possibilidade e o afasta do convívio, tão importante nessa fase do desenvolvimento.

Outras situações difíceis podem trazer o mesmo comportamento. E por falar em comportamento, a mudança abrupta deste por parte dos jovens é quase sempre um pedido de atenção, de ajuda, os pais devem estar sempre atentos, há que se observar com zelo se a vida virtual não está tomando conta de todo o tempo dele. Se a resposta for positiva, pode haver um sofrimento tentando ser aliviado com esse comportamento de esquiva da realidade, como brigas frequentes dos pais, ameaças de que o jovem será abandonado por um dos genitores ou que terá de mudar de escola ou cidade por causa da separação etc.

Como já foi dito anteriormente, não existe receita para se criar gente, mas existem algumas palavras que, empregadas no dia a dia, podem evitar muito sofrimento: atenção, cuidado e observação. Observar o comportamento dos adolescentes e ficar atento e cuidadoso a como o sofrimento dos pais é transmitido a estes filhos, que não possuem, ainda, maturidade para lidar com carga tão intensa é fundamental. Com a dor emocional associada a uma fase de desenvolvimento tão delicada e instável, que é a adolescência, surge a necessidade da fuga.

Nessa hora, a acessibilidade fácil do mundo virtual o torna o destino mais “seguro”, por ser conhecido, em meio a um turbilhão de sensações estranhas. Enfim, havendo alguma mudança abrupta, alguma dependência do mundo virtual em detrimento das relações reais, deve-se abrir espaço para o acolhimento e para o diálogo, para que o adolescente consiga expressar o que sente e encontre, junto à família, formas de ser amparado e auxiliado.

Jovens que encontram nos país, na escola e na comunidade uma rede de apoio tendem a se desenvolver de forma mais positiva e saudável.

Como pais e escolas podem encontrar um caminho para educar os filhos, sabendo da curiosidade e o gosto pelo proibido naturais da adolescência? Falta um pouco de iniciativa para dizer ‘este jogo não é bom para você’, ‘novelas são para adultos’, ‘você não pode fazer algo que prejudique alguém dentro ou fora da internet’. E talvez as crianças, tão habituadas a TVs e computadores, desejem, na verdade, ouvir: ‘que tal desligarmos o computador e irmos brincar lá fora?’. Além do diálogo constante com os filhos, os pais podem estar mais próximos dos outros pais da escola. Podem participar de grupos de discussão na internet formado por pais, usar as redes sociais a seu favor e proteger seus filhos. Limitar e estabelecer regras, com horários e tempos, são medidas importantes de proteção e cada família vai definir como vai funcionar na sua casa.

Enfim, necessária e urgente a integração e conexão com o jovem adolescente. Um grande desafio dos tempos atuais.