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Não precisa chorar! Não foi nada!

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Por Rafaela Haas Oliveira Zanini, Psicóloga – CRP 07/14351

Quando uma criança se machuca é comum escutarmos uma mãe dizendo: “não precisa chorar, não foi nada!”. Mas será que não foi nada mesmo? Muitos pais na busca de acalmar uma criança tendem a usar frases desse tipo para lidar com uma determinada situação. Mas se pensarmos mais cuidadosamente, um tropeço, um arranhão no braço, um empurrão de algum amigo, pode sim ser alguma coisa para uma criança que está aprendendo a lidar com suas emoções.

Um bebê, por exemplo, sabe se expressar através do choro quando está com fome, ou frio, ou sono. Sendo assim, até que uma criança saiba se expressar verbalmente, chorar é a única forma de comunicação.Pode ser tanto a expressão de alguma emoção quanto de alguma necessidade. Com o tempo a mãe vai dando nome a tudo isso: “você está chorando porque está com sono, vamos dormir então!”. Desta forma, através do olhar e da palavra, a mãe identifica, compreende e da significado ao choro do seu bebê, que com o tempo e crescimento vai tendo a oportunidade de encontrar outras formas de expressar esse sentir.

Muitos pais exigem que os filhos engulam o choro, talvez pela dificuldade em lidar com o sofrimento, ou por uma extrema rigidez. Talvez eles não saibam o mal que estão fazendo nesse momento, reprimindo emoções que estão buscando uma forma de expressão. Emoções estas que vão ficando guardadas e que encontram, seja na infância ou na vida adulta, outras formas de escape, causando sofrimento e podendo levar a doença.

Se o choro num primeiro momento da vida é a única forma que uma criança tem de se expressar, é importante validar este sentimento e não reprimir. Assim, quando uma criança chora porque caiu e se machucou, é válido dizer: “está doendo meu filho, pode chorar! Eu estou aqui contigo!”. Com isso, estamos acolhendo a dor, porque dói mesmo cair, e ainda passando segurança de que ele não está sozinho nesse momento. Os pais precisam aprender a tolerar o choro de um filho e aceitar a dura realidade de que não podem sempre protegê-los do sofrimento.

Sabemos também que nem todo choro tem sofrimento por trás. Existe aquele choro por contrariedade ou aquele que está sendo usado para alguma finalidade. Mesmo estes precisam ser compreendidos e nominados, talvez acompanhados por algum limite. Entretanto, limite é diferente de repressão. Se o choro for permanente e difícil de ser compreendido, talvez seja importante procurar ajuda de um profissional especializado para encontrar a melhor forma de lidar com este comportamento.

Assim, é fundamental para o crescimento ensinar uma criança a lidar com seus sentimentos, auxiliando-os a encontrar formas saudáveis de expressão.